A cobertura de tatuagens (cover-up) é uma prática bastante freqüente nos estúdios. Isso ocorre porque as pessoas, às vezes, sem possuírem algum conhecimento sobre tatuagem artística, acabam fazendo - ou deixando que façam - besteiras em suas peles, submetendo-se a experiências que depois de um certo tempo, arrependem-se.
Particularmente, eu não aprecio muito a realização desta modalidade na tatuagem. Mas essa opinião logo se desfaz quando a gente se depara com algo que, na maioria das vezes, constitui-se em um desafio e este se transforma em prazer, principalmente quando conseguimos devolver o orgulho e o sorriso a alguém.
Para esses casos desenvolvi uma técnica que, talvez não seja novidade para muitos, mas eu gostaria de compartilhá-la, principalmente com aqueles que estão iniciando na arte da boa tatuagem.
O primeiro passo é a identificação do desenho a cobrir, assim como o novo desenho que o cliente tem intenção de fazer. Cabe a nós analisarmos criteriosamente o "casamento" entre as duas imagens. Devemos ter a sinceridade de dizer, se for o caso, se este ou aquele desenho não irá se encaixar. Isso também visa a preservar nossa qualidade de trabalho, uma vez que se for feito algo que não atenda perfeitamente o objetivo ao qual nos propusemos, o resultado poderá ser desastroso, em outras palavras: irá "queimar nosso filme". Há casos em que é preferível não fazer.
Para fazer o registro do desenho, deve-se utilizar um pedaço de papel vegetal (cortado no tamanho do desenho a ser coberto) e uma caneta hidrográfica. Coloca-se o papel vegetal sobre o desenho e copia-se o que está na pele. Neste momento deve-se ter o cuidado para registrar, principalmente, as partes mais escuras e os espaços
abertos no desenho, que muitas vezes poderão ser aproveitados. Um registro fotográfico também é aconselhável.
Em seguida completamos o esboço e testamos o encaixe com o novo desenho.
Em alguns casos é necessário desenhar a partir da base que foi obtida para se adaptar o novo desenho, o que é bastante recomendável. Neste momento faríamos o aproveitamento dos espaços abertos como foi dito acima. Para isso pode-se utilizar uma mesa de luz, com a base abaixo do papel em que irá desenhar.
Uma vez aprovado o desenho pelo cliente, pode-se então confeccionar o estêncil. Após os procedimentos de preparação da pele, como depilação, assepsia do local, etc., pode-se então aplicar o estêncil.
Para a aplicação do estêncil deve-se ter um cuidado especial para que este se encaixe perfeitamente no local desejado, fazendo isso com a ajuda de "registros" que são marcas que podem ser feitas com a ajuda da caneta hidrográfica.
Procede-se então à tatuagem propriamente dita.
Este processo costuma funcionar, pois, com a "base" feita em papel vegetal (que possui certa transparência) podemos testar rapidamente outras possibilidades e sugerir alternativas aos clientes na hora da escolha dos motivos que poderão ser utilizados na cobertura.
Um detalhe importante:
Devemos sempre orientar nossos clientes quanto aos cuidados que eles deverão ter com a nova tattoo. O uso da pomada cicatrizante e do plástico filme é fundamental para o resultado final, principalmente nesse caso, onde queremos que se tenha o máximo de fixação das cores.
Créditos: Aldo Ferreira aldo0001@gmail.com
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